Viagens e Trilhas de um Poeta

Viagens e Trilhas de um Poeta

sábado, 2 de outubro de 2010

Sao Luis a Mossoro. Ubajara






Viajar de carro é um grande barato. Percorrer kilometros atrás de um lugar desconhecido, trás mais prazer que cansaço. Acordar cedo é uma tônica. Ainda nem é alvorada e já estamos na estrada. Um isopor com lanches é fundamental, assim não paramos pra almoçar;deixamos o apetite para os locais de dormir.
O primeiro trecho a cumprir seria de São Luis a Ubajara. Decidimos ir por Terezina, pois no tempo a estrada por Chapadinha estava muito ruim de São Bernardo até a ponte sobre o Rio Parnaíba. Chegamos em Ubajara logo após o fechamento do Teleferico, de novo. Isso significava acordar cedo no outro dia para pegar o bondinho e visitar a gruta. Agora daria pra fazer uma trilha pela mata e chegar até um mirante onde se avista uma cachoeira caindo do penhasco. As crianças curtiram a trilha apesar do cansaço; além da mata, das arvores frondosas, um macaco prego nos acolheu gentilmente fazendo barulho e atirando galhos do alto de uma arvore: uma diversao.
Seguimos pro Hotel para um banho refrescante. Depois fomos matar a fome num restaurante próximo que servia uma carne de sol maravilhosa em petiscos que valia mais que uma refeição. Acabou sobrando comida.Depois do jantar fomos logo dormir; uma temperatura amena de uns 20 graus. Na manha seguinte a certeza do porque que o hotel se chama Hotel Neblina; o quarto possui uma ampla porta de vidro que dá para um bosque. O fog nos causa uma sensação boa , um clima de paz e romantimo, um convite a fotografia.
Após o café, fomos abrir o parque.Assumimos o posto de primeiros da fila e pegamos a primeira viagem no teleférico ate a gruta. Um passeio pra lá de interessante para minhas filhas, que puderam ver alem da paisagem montanhesca, coisas interessantes sobre as cavernas, como as estalactites e estalagmites: uma aula de geologia ao vivo.
Demos um último olhar para o desfiladeiro:Era hora de pegar estrada novamente.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O que é um Puçal?







Puçá é um artefato tipo rede, que é geralmente confeccionado pelos próprios pescadores em pesca considerada predatória. Assim um local onde há vários puçás denomina-se puçal. As praias da ilha de São Luis são contínuas e nomes são somente referencias. A praia denominada puçal já fica no município da Raposa e o acesso pode ser feito pela areia ou por asfalto, entrando em frente ao Posto Pirâmide.
Pescadores e sua rede me trazem recordação de meu avô Gabriel, homem do mar, a quem devo a inspiração pelo amor as coisas simples da natureza.
Um convite de Waland, irmão de gostos semelhantes, é certeza de que o dia seria mágico.
Além disso, a felicidade do desfrute com minhas filhas e minha mulher.
A perfeição se constrói. Um dia guardado na memória.
Puçal: uma rede de catar peixes, de catar sonhos!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Lucindo ,alem das trilhas






Canção de Aniversário do Lucindo

Eram idos de Quinze
Mais de quinze léguas de qualquer lugar distante
Nos tempos das peles de caças
Do morro vestido de mata
As folhas apontaram uma fonte de água.

Uma lagoa serena
Cercada de belas palmeiras.
Que de tão escondida
Quase outra mentira

Insiste Lucindo
Me traz uma água de lá
Preu fazer um chá de Aroeira
Pra curar as inflações de saudade
(de uma coisa arrochada).

Deixa Nhô Rola
Que eu fugirei desse mundo
Pra acalentar a Luiza
Na tapera de paia.

Mas que centelha danada
Que acendeu aquele fogo bandido
No meu babaçu
Incendiou a tapera
E me mudou de lugar

Manoel_ Homem valente
Sob um céu estrelado encheu o Lucindo de gente
Esses tantos Elói
Heróis do lugar.

Agora o tempo é o dono
É história verídica
De um poeta sem jeito
E aquele Lucindo, amigo do peito
(diz o Arnaldo)
A onça comeu!

Maracana , bem perto!






Maracanã


As trilhas estão aí, em sua maioria ocultas, tão perto, que a surpresa ao encontrá-las te envolve em grande satisfação. Combinei com dois amigos, O Marcelino e o César para um passeio pelo Maracanã, bairro da zona rural de São Luis, conhecido pela tradicional Festa da Jussara(acai) no mês de outubro. Ê um local de muita água, onde se escondem rios limpos, veredas e lagos; inclusive parte do abastecimento de água da cidade, vem de lá.
Entramos por estrada de terra perto do colégio agrícola, beirando trilhos de trens. O destino não é traçado, segue-se o instinto, fugindo do asfalto, na verdade buscando a sensação de estarmos perdidos, ou nos encontrar com a liberdade, com a simplicidade das belezas naturais,como uma ãrvore majestosa, um rio prateado, um lago permeado de vitorias-regia. Parece que o texto é repetido, mas acho que é mesmo. O que podemos inventar sobre o que nos motiva a buscar esses espaços? Com certeza é descoberta dos recônditos que aliviam a dureza dos dias, e mostra que o presente é um grande presente, mas que devemos buscá-lo...E basta nos predispor a isto, como? Ir!... não importa se a pé, sozinho ou em grupo. Ir num 4x4 é show, pois obriga-nos ao desafio, a valorizar as pedras, as águas e lama do caminho. O prazer de desfrutar dessas coisas vai crescendo, vai se multiplicando nos outros. O que construímos? Uma nova versão da realidade, algo mais leve, vínculos mais sinceros e harmoniosos entre nós e a natureza, entre nós mesmos, e com teu eu mais essencial, que vibra como parte intrínseca da Terra Viva.

domingo, 19 de setembro de 2010

De Chapadinha a Sao Benedito







De manha, um café do interior, com queijo, fruta, paçoca, tapioquinha.A maquina Singer antiga descansando no terraço.Eu e Marcelino nao retornaríamos para o Tibiriçal.
A idéia era ir até São Benedito por uma trilha , pelos campos dos gaúchos, que na verdade eram estradas de terra entre os campos de soja. Triste saber que todo esse campo foi feito às custas da destruição de uma mata fechada, plena de piquizeiros, bacurizeiros e buritizais. A mata foi esfolada por correntes colocadas entre dois tratores.
A soja , longe de servir como alimento humano, serve para lucrar, para produzir ração para o gado estrangeiro. O que é grave , é que os supostos defensores da floresta, são os mesmos países que fomentam sua destruição.
A trilha...Questões ambientais,rincões ,veredas.
As veredas, que dão vida ao sertão; suas águas, suas palmeiras, seus marrecos e jaçanãs.
Poderia pegar um violão e imitar o cancioneiro Raimundo Fagner: ...Teus óis é o fim da vereda...sereno da natureza...teus óis que lareia o roçado...

Trilha do Tibiriçal






Marcelino é um daqueles caras que se não existisse, teríamos que inventar. Gente muito boa, que, por uma trilha, como diz João, carrega até pedra.
Fomos juntos a um evento do Clube do Jeep,na localidade de Tibiriçal.
Uma galera alegre, festeira. De cara, no ponto de apoio, um atoleiro que aquecia os motores. O Marruá do Marcelino, ficou ate a tampa;nada de mais para um grupo que adora enfrentar desafios. A trilha verdadeira foi feita em comboio, por uma picada na floresta, um cenário de filme de Tarzan.Os Jeeps mostraram seu valor, e os que atolaram fizeram a festa dos jipeiros.
As surpresas do local foram se sucedendo: as casas de palha com antenas parabólicas, a bicicleta solitária, o pé de urucum , as orquídeas, a cobra verde na lama.
Aproveitei para um passeio solitário na floresta, abusando da fotografia.
No fim do dia, o tradicional churrasco de confraternização.
Despedimos da galera. Seguimos pra Chapadinha; outra trilha nos esperava pela manha.

O Sorriso Largo de Téo






Há meses um amigo me convidava para ir em sua fazenda, ver sua criação de carneiros. Assim num dia , sem muito planejamento, peguei a viatura e fui direto para o terminal da espera onde peguei o Ferry-boat para o Cujupe, atravessando a baía de São marcos sob um temporal.Do Cujupe até Central é em torno de duas horas e meia, andando sem muita pressa. Cheguei na casa do Téo no entardecer; como de esperado, mesmo sem aviso , fui bem recebido.Logo fui tomar banho no açude. Ao chegar do banho morno, tomei outro banho em casa e fomos prosear no terraço de grama, sob o plenilúnio. No interior, o céu é diferente , é mais vivo, e eu que já não gosto de divagar, fui logo emendando um papo sobre a grandeza do universo e a existência de vida extra-terrestre.Papo que leva a outros, enquanto um churrasco de carneiro descia macio, a denunciar a simplicidade do tempero e a qualidade da carne.
De manha fomos visitar a fazenda.de inicio um curral de pesagem dos bois; entramos na mata de arbustos e observamos um ponto alto onde se avistava o vale;dali surgiu a idéia para uma futura tirolesa. De lá ,pegamos a viatura e seguimos por uma estrada de terra , que cruzava uma bela vereda e chegamos até o curral dos carneiros.Tiramos as fotos dos bichos.
Uma galinha caipira foi nosso almoço. Um carro de boi passou na estrada e peguei uma carona , lembrando da infância no interior dos meus avos maternos, distante há uma hora dali.Aproveitei também para dirigir um trator, cuja direção hidráulica, super leve, me deixou impressionado. Uma chuva se formou,na verdade um temporal daqueles.
Quando a chuva abrandou , montamos e seguimos viagem; o rio agora estava mais largo e mai fundo; atravessamos com cuidado, mas sem problemas.
Mais tarde , já noite soubemos que os vaqueiros, que traziam um carneiro morto no cofo, foram espreitados por uma grande sucuri, que descerra pro riacho pelas águas da chuva.
O ocorrido foi pano pra manga de um tanto de historias.
Ali...com aquelas palmeiras, com aquele riacho, entre coqueiros e parabólicas, na feirinha da cidade e com o sabor inconfundível da vida simples, dá pra entender a felicidade do gentio, dá pra entender o riso largo do meu amigo Téo

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O que está em nossas Aventuras_ Rally em Fortaleza








A gente cresce e os brinquedos também mudam, mas a brincadeira é a mesma. Quem anda na trilha da vida passa por diversos obstáculos, tenta se superar, tenta vencer, mas fundamentalmente quer seguir o caminho, aproveitar o que ele tem de melhor.
Ao assistir o programa de automóveis do domingo, vendo a etapa do rally da Mitsubishi em Salvador e o anuncio da próxima etapa,não tive dúvida, liguei para meu amigo Hugo em Fortaleza, que de pronto topou participar, o que o diferencia de todos os meus amigos, a sua sempre necessária disponibilidade.Tinha uma viagem com a família , uma semana antes para a Amazônia,como faríamos com o carro? Não houve muita conversa, Hugo se dispôs a vir de avião para São Luis e viajar de madrugada, com a Lane, em dois dias até Fortaleza. No dia do "briefing", véspera do rally iria de avião com o Webster, meu irmão mais velho, que na hora também aceitou em participar. De sobra , na viagem ate Fortaleza, ainda encontro com João, velho companheiro de trilhas, que retornava de viagem de negócios para Paraíba, onde atualmente reside. Lembramos no vôo , de todas as trilhas que fizemos no interior da Ilha de São Luis. Na próxima João estará conosco, com certeza.
No dia da prova, tudo certo, acordamos cedo, tomamos banho, passamos perfume, vestimos bermuda, camiseta e boné. Ansiosos estávamos para receber a tão esperada planilha, que definiria o rumo da prova. Ficamos no grid e logo tivemos uma grata surpresa de termos chamados a atenção da imprensa do evento (mesmo tentando nos esconder...risos). Era, que a eles, parecia estranho ter uma equipe com competidores que precisariam rodar mais de dois mil kilometros para participar da prova.Nossas respostas sobre tal motivação pareciam ensaiadas; estávamos ali por valores, por gostos, pelas estruturas que nos envolve_ pela amizade, pela irmandade, pelo espírito de equipe,pelo bem-querer, pela aventura, pelo apego à trilha e seus inesperados obstáculos, pelo cotidiano de intenso trabalho; pelas nossas famílias, pelas mulheres que nos apóiam, pelos filhos que torcem a todo instante e que aprendem a se divertir, enfim pela deliciosa ventura de viver no mundo 4x4.
Nosso tempo final de prova foi dentro do estipulado, mas com os erros inevitáveis dos “marinheiros” (existe rallyzeiros?) de primeira viagem, o que nos fez perder pontos que nos levaram para a zona do rebaixamento.Mas que importa? Sem qualquer hipocrisia...Vimos pra participar; ganhar seria um sonho.
Entao fomos pra grande confraternizacao , e um brinde com novos amigos, que eram só amigos(parecia natal)
Foi um dia longo; uma historia de coisas simples vividas por amigos. Nosso tempo de passagem é curto...O que a vida nos cobra?_ Coragem!(não é cara!)
Hoje já planejamos outras trilhas, outras aventuras: brincadeiras que nos mantém vivos...Felizes!

domingo, 22 de agosto de 2010

Pico das Agulhas Negras





Pico das Agulhas Negras.

A primeira escalada, um monte de informações, incertezas, expectativas, mas a experimentar era preciso. Parti do Rio de Janeiro com meu cunhado Mauro,às oito horas e nos encontramos com Carlos Ivan, Campista e Lane na Casa do Alemão, novos amigos que faria, acreditando no gosto afim pela trilha,pela natureza.Feita as apresentações , decidimos seguir estrada e parada em Rezende para decidir caminho.Apesar do GPS, dos mapas, que indicavam o caminho pela Estrada para Itamonte como o mais rápido, decidimos por seguir pela estrada bem junto a Academia . Parecia perto até o destino, mas as coordenadas da Pousada dos Lobos estavam erradas. Acabamos por chegar na pousada às vinte e uma horas. Encontramos aventureiros de fácil relacionamento. Assistimos juntos um jogo do Brasil.Choveu á noite toda e fez um frio.
De manha fizemos um passeio até Airuoca, uma aventura ,uma trilha cheia de lama e abismos. No seis de setembro ,o dia amanheceu lindo, seguimos cedo para a entrada do Parque das Agulhas Negras; esperamos o guia,com sua demora fomos até o refúgio, pela estrada mais alta do Brasil. Depois nos encontramos com o guia que nos informou que não daria para subir, pois a trilha estava molhada demais, pelo temporal da noite anterior. Foi um dia incrível , de confraternização, mesmo que não pudéssemos escalar o pico. No outro dia, só eu e o Mauro teríamos a possibilidade de subir.Deixamos o Troller no refúgio e iniciamos a escalaminhada.
Segundo nosso guia, um cara de sessenta anos ,já trabalhando no oficio há oito anos,disse-me que até meninos de doze anos subiam o pico. Fiquei animado. Depois descobri que esses meninos são excepcionais. Há momentos que o esforço físico conta, mas o desafio maior é mental; subi por rampas , em rochas com quarenta a sessenta graus de inclinação, o que não é fácil para alpinistas amadores.Por fim os últimos trinta metros da escalada são os mais difíceis, quando tivemos que subir cansados numa inclinação de quase noventa graus. Vencemos!
O topo do Pico das Agulhas Negras, uma miríade de sentimentos : orgulho, medo, superação, amizade, amor a naturaza, saudade da família.
A montanha permite o encontro com si mesmo, com a pureza, com o silencio, com o abismo, com a linha tênue entre o triunfo e o fracasso, com a força indômita da natureza, com a rocha alçada aos céus, nessa reciclagem infinita e imemorial do planeta.
O que foi de melhor? O caminho , a certeza que a aventura faz parte do que preciso para ser feliz.

K.Kampus

Carolina




Recebi esta semana em Carolina a visita ilustre de dois grandes aventureiros: meu irmão Wesley e o cunhado dele, Mauro. Os dois estão à caminho do Jalapão, no Tocantins, um dos mais belos paraísos ecológicos brasileiros. Apesar da visita ser daquela tipo de "médico", valeu, e como valeu a companhia. Eu os levei para conhecer um pouco das belezas de Carolina, entre as quais a cachoeira de Pedra Caída, outro raro espetáculo da natureza. Nesses momentos rolam muitas conversas, risadas, troca de experiências, mas o saldo maior do passeio foi ver ao fim da visita a Carolina, Wesley e Mauro completamente "desestressados", somente um dia após a saída deles da cidade. Muitas "águas vão rolar" até o fim da viagem, prevista para o dia 4 de setembro, mas imagino quão leve eles deverão retornar para São Luís e Rio de Janeiro. Energia renovada para encarar os desafios de uma rotina complicada como todos nós enfrentamos. A felicidade estampada nos rostos aventureiros de Mauro e Wesley, prá mim, é inesquecível. Que Deus os acompanhem pelos caminhos dessa inusitada aventura que é a vida
Walland Campos

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Um Dia em Nossas Vidas

Eu sento na minha varanda, e pra ser poético, num dia frio, quando faz um calor miserave (é miserave mermo! Pra se saber o quanto tá quente) ; espero as horas passar, fumando um cachimbo hipotético , bebendo um dezoito anos numa lata de água tonica (uma cerveja pegaria bem, mas estou de plantão) e quanto de poesia ou prosa vem nesse momento? Só a própria vida, com seus projetos, com seus anseios, com seus enganos, com a verdade, com suas imperfeições, com a saudade, com a presença infinitamente bela dos filhos, com a adolescência perdida, com o cheiro ainda da inocência, com o romantismo dos meus vinte anos (duas vezes vinte anos), com um amor à minha loucura, que insisto em manter para ninguém ousar-me curar (parece frase do Parafernálias), com um cadinho de inspiração, palhaço a brincar com as palavras.
Escrever é navegar, vocês já sabiam que eu iria usar o trocadilho de Fernando (também sou íntimo Hugo) “navegar é preciso”. E preciso muito, pois meus sonhos , dos quais a maldade do mundo não deixa, precisa desta realização, dessa forma absurda de construir os parágrafos. Mas a precisão de Pessoa, lê-se exatidão, enaltece a navegação de tantos heróis bandidos, que vieram pilhar, que mataram os índios das Américas, em nome de Cristo. Sou Inca, sou Maia, sou Mapuche,Guajajara, sou Timbira,sou Awe. Mas também sou de Gaia, de Pangeia.
Ouço uma canção de revolução, uní-vos numa canção paraguaia: irmãos quase dizimados. “Gracias a La vida“, Mercedes! Gracias por teus tambores e pífanos. Obrigado Alfredo de Viçosa! Vivas a Ariano Suassuna! Vivas a Sergio Buarque de Holanda e sua prole! “Minha alma de sonhar-te anda perdida”, Gullar. Mudou a faixa do CD e agora toca Fagner, Elomar, Vital, Zé Ramalho e Geraldinho. Um abraço em João do Vale, de Pedreiras.
Encontro-me calmo, sereno, os gases lacrimogêneos do Clube da Esquina. ”Nesse clube a gente sozinho se vê, pela ultima vez, a espera do dia, naquela calçada , fugindo pra outro lugar”.Que bom que existe música, assim os sentimentos humanos se tornam mais solidários, menos complicado para um velho poeta, caçar as palavras.
Fumega o café no bule, coado numa cueca velha; a borra no fundo da caneca de esmalte, e aquele amassado beiço, (um mendigo bebeu na piada). A insônia piora. Se estivesse em Cedral comeria a pamonha na folha de bananeira, da casa de Princesa, de Da Luz. Parece que vi uma estrela cadente, mas não deu tempo de confirmar; seria um drible do cansaço, um piscar de ilusão? Era uma estrela cadente, eu sei! Ou seria um avião, Gabi?! Talvez!
A lua já se caminha para se tornar um Ce, onde posso armar uma rede, e me embalar lendo um livro. Qual livro? Um que tenha letras, um bocado de frases, um tantão de estórias, verdadeiras ou não. Poderia ser do Saramago ou de Marcelo Gleiser, Mas se fosse de rimas, teria que ser do Neruda ou do poeta de Urano,poeta da existência: Nauro Machado.
A barra do dia desponta, a menina do andar de cima chegou, apertou a minha campainha errada; nem tomou do café, pediu desculpas sorrindo, como que mendigando um beijo lascivo de bom dia. Só tomei suas mãos, lhe ofertei um ósculo nos dedos:Don Juan De Marco! “Volver a Los Deizessete”, de novo!
Tomo minha bicicleta, faço meus diários nas vielas da cidade; ainda boêmios na lagoa. Sigo até a Litorânea, enfio meus pés na água_ O frescor da maré. Segue uma vela no horizonte, bem perto de Alcântara.
Penso...pois pensar é estar vivo; e a última coisa que quero é ser racional, descarto essa idéia: Durmo na areia...
“E os urubus passeiam a tarde inteira entre os girassóis.”
Acordo feliz!

Kkampus.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Ensaio sobre a Cegueira

O pior cego...

Por mais que queira ter uma visão otimista do Brasil, tenho a impressão de que nunca chegaremos lá, e essa assertiva me parece muito mais real aqui na província do Maranhão. Assisti ao filme “Ensaio sobre a cegueira” do diretor brasileiro Fernando Meirelles, que além da excelente qualidade técnica, teve a escolha fortuita de basear-se no livro homônimo do escritor lusitano José Saramago, este, vencedor do Nobel de Literatura, prêmio que o credencia como um dos melhores escritores do mundo e diminui um pouco minha tendência, por ser seu admirador, não só dos temas que aborda em seus livros, sua narrativa esdrúxula e maravilhosa, além de ser um dos heróis da resistência, no que tange à aceitação da ordem mundial vigente, calcada nos princípios neoliberais embutidos na globalização.
Lá venho eu novamente como neobobo, discutir este velho tema, que cada vez mais tem menos eco, pois há um sentimento de derrota pelo que se tornou inevitável e inexpugnável, até onde a história poderá desdizer. Contudo minhas posturas se tornam reféns da minha carcomida coerência, a qual me orgulho, inclusive com as reservas morais que me apego.
De qualquer forma, fico decepcionado ao ver uma obra magnífica, independente dos futuros prêmios que irá receber, além do reconhecimento óbvio da crítica intelectualizada, ser maltratada pela ausência de um contingente efetivo de platéia na única sala de exibição entre várias outras que exibem chicletes, pipoca e refrigerante.
Quisera todo ser humano ou cidadão desta cidade, pudesse ter outras oportunidades de se deparar com seu espelho, com a verdade nua e crua da nossa essência. Longe eu de querer filosofar sobre o gênero humano, não tenho formação técnica para isso, mas gosto de discutir o tema, mesmo sem o apego estrito ao academicismo. Mas sou cônscio que a linguagem do cinema é rica, clara e profunda, e chega ao cerne da questão em obras desse tipo. Talvez o diretor, e nem o escritor quisessem uma massificação sobre o tema, mas independente de suas vontades, tem-se a sensação de um grande desperdício, de “se oferecer pérolas aos porcos”.
Quisera poder acreditar que a ausência das pessoas é premeditada, pelo medo de se encontrar consigo mesmo, de achar que a crueza humana seja demais dolorosa para se ter como opção de lazer ou que eu seja demais preconceituoso, um grande patrulheiro ideológico, e não aceite as liberdades de escolhas por temas fúteis. Mas a verdade é que as pessoas, de um modo geral estão acostumadas a consumir o fácil, aquilo que a sua mediocridade permite, no melhor estilo, “quanto mais burrice, melhor”. Imagino que as escolhas também são frutos da ignorância, da falta de consciência crítica, do analfabetismo que ainda em nosso meio prevalece.
E quem nos salvará dessa cegueira? Talvez o “Domingão do Faustão” ou qualquer dos telejornais de fácil assimilação que poderão decretar o valor deste filme: a mídia pobre a lastrear a arte.
Que eu seja perdoado por minhas ácidas críticas, movidas pelo inconformismo. Ainda assim, mais que nunca, “o pior cego é aquele que (literalmente) não quer ver”

K.Kampus.

Homenagem

Ode a José Saramago.

Esse mundo, esse pequeno mundo, enquanto vamos vibrando com gols , com lances, a vida passa , pessoas passam. Hoje estamos mais tristes, um dos mais belos filhos que a Terra produziu já não empresta sua consciência a todos nós.Saramago agora é saudade, é inspiração.Choram meus versos, choram todos os romances do mundo; que agora estão sem um grande irmão. Não há como apresentá-lo ou defini-lo, pois Saramago, que me permitia ser seu íntimo amigo, conversava com nossos dramas, com nossos sentimentos, com a natureza humana de uma maneira simples, sem pontuações. A forma peculiar de escrever , muitas das vezes confundindo o leitor sobre quem era o interlocutor das frases, nos levava a um estado permanente de concentração na leitura de suas obras.ler seus livros te criava uma destreza que fazia que outros autores fossem mais fáceis de ler, demonstrando o quanto era gênio, sem ser arrogante. Suas convicções mexiam com o ideário humano, com as duvidas existenciais; acendia a revolta daqueles que duvidam de Deus, ao ver proliferar tanta iniqüidade e o silencio cúmplice da divindade.Mesmo que um Deus exista, Saramago será perdoado, pois sua negação fomentava o bem-comum, a fraternidade e igualdade entre os homens; e se não for perdoado,talvez nem necessite,pois sua obra ultrapassará os tempos, numa eternidade literária,oriunda da perfeição.

K.Kampus.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Estreia

Caros amigos

Criei um novo blog, para ser mais independente.

Na verdade para ter liberdade de fazer minhas cronicas , sem incomodar os ostros.

Agradeço àqueles que me colocaram na trilha cibernética dos blogs.

Abraço

K.Kampus