Viagens e Trilhas de um Poeta

Viagens e Trilhas de um Poeta

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O que é um Puçal?







Puçá é um artefato tipo rede, que é geralmente confeccionado pelos próprios pescadores em pesca considerada predatória. Assim um local onde há vários puçás denomina-se puçal. As praias da ilha de São Luis são contínuas e nomes são somente referencias. A praia denominada puçal já fica no município da Raposa e o acesso pode ser feito pela areia ou por asfalto, entrando em frente ao Posto Pirâmide.
Pescadores e sua rede me trazem recordação de meu avô Gabriel, homem do mar, a quem devo a inspiração pelo amor as coisas simples da natureza.
Um convite de Waland, irmão de gostos semelhantes, é certeza de que o dia seria mágico.
Além disso, a felicidade do desfrute com minhas filhas e minha mulher.
A perfeição se constrói. Um dia guardado na memória.
Puçal: uma rede de catar peixes, de catar sonhos!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Lucindo ,alem das trilhas






Canção de Aniversário do Lucindo

Eram idos de Quinze
Mais de quinze léguas de qualquer lugar distante
Nos tempos das peles de caças
Do morro vestido de mata
As folhas apontaram uma fonte de água.

Uma lagoa serena
Cercada de belas palmeiras.
Que de tão escondida
Quase outra mentira

Insiste Lucindo
Me traz uma água de lá
Preu fazer um chá de Aroeira
Pra curar as inflações de saudade
(de uma coisa arrochada).

Deixa Nhô Rola
Que eu fugirei desse mundo
Pra acalentar a Luiza
Na tapera de paia.

Mas que centelha danada
Que acendeu aquele fogo bandido
No meu babaçu
Incendiou a tapera
E me mudou de lugar

Manoel_ Homem valente
Sob um céu estrelado encheu o Lucindo de gente
Esses tantos Elói
Heróis do lugar.

Agora o tempo é o dono
É história verídica
De um poeta sem jeito
E aquele Lucindo, amigo do peito
(diz o Arnaldo)
A onça comeu!

Maracana , bem perto!






Maracanã


As trilhas estão aí, em sua maioria ocultas, tão perto, que a surpresa ao encontrá-las te envolve em grande satisfação. Combinei com dois amigos, O Marcelino e o César para um passeio pelo Maracanã, bairro da zona rural de São Luis, conhecido pela tradicional Festa da Jussara(acai) no mês de outubro. Ê um local de muita água, onde se escondem rios limpos, veredas e lagos; inclusive parte do abastecimento de água da cidade, vem de lá.
Entramos por estrada de terra perto do colégio agrícola, beirando trilhos de trens. O destino não é traçado, segue-se o instinto, fugindo do asfalto, na verdade buscando a sensação de estarmos perdidos, ou nos encontrar com a liberdade, com a simplicidade das belezas naturais,como uma ãrvore majestosa, um rio prateado, um lago permeado de vitorias-regia. Parece que o texto é repetido, mas acho que é mesmo. O que podemos inventar sobre o que nos motiva a buscar esses espaços? Com certeza é descoberta dos recônditos que aliviam a dureza dos dias, e mostra que o presente é um grande presente, mas que devemos buscá-lo...E basta nos predispor a isto, como? Ir!... não importa se a pé, sozinho ou em grupo. Ir num 4x4 é show, pois obriga-nos ao desafio, a valorizar as pedras, as águas e lama do caminho. O prazer de desfrutar dessas coisas vai crescendo, vai se multiplicando nos outros. O que construímos? Uma nova versão da realidade, algo mais leve, vínculos mais sinceros e harmoniosos entre nós e a natureza, entre nós mesmos, e com teu eu mais essencial, que vibra como parte intrínseca da Terra Viva.

domingo, 19 de setembro de 2010

De Chapadinha a Sao Benedito







De manha, um café do interior, com queijo, fruta, paçoca, tapioquinha.A maquina Singer antiga descansando no terraço.Eu e Marcelino nao retornaríamos para o Tibiriçal.
A idéia era ir até São Benedito por uma trilha , pelos campos dos gaúchos, que na verdade eram estradas de terra entre os campos de soja. Triste saber que todo esse campo foi feito às custas da destruição de uma mata fechada, plena de piquizeiros, bacurizeiros e buritizais. A mata foi esfolada por correntes colocadas entre dois tratores.
A soja , longe de servir como alimento humano, serve para lucrar, para produzir ração para o gado estrangeiro. O que é grave , é que os supostos defensores da floresta, são os mesmos países que fomentam sua destruição.
A trilha...Questões ambientais,rincões ,veredas.
As veredas, que dão vida ao sertão; suas águas, suas palmeiras, seus marrecos e jaçanãs.
Poderia pegar um violão e imitar o cancioneiro Raimundo Fagner: ...Teus óis é o fim da vereda...sereno da natureza...teus óis que lareia o roçado...

Trilha do Tibiriçal






Marcelino é um daqueles caras que se não existisse, teríamos que inventar. Gente muito boa, que, por uma trilha, como diz João, carrega até pedra.
Fomos juntos a um evento do Clube do Jeep,na localidade de Tibiriçal.
Uma galera alegre, festeira. De cara, no ponto de apoio, um atoleiro que aquecia os motores. O Marruá do Marcelino, ficou ate a tampa;nada de mais para um grupo que adora enfrentar desafios. A trilha verdadeira foi feita em comboio, por uma picada na floresta, um cenário de filme de Tarzan.Os Jeeps mostraram seu valor, e os que atolaram fizeram a festa dos jipeiros.
As surpresas do local foram se sucedendo: as casas de palha com antenas parabólicas, a bicicleta solitária, o pé de urucum , as orquídeas, a cobra verde na lama.
Aproveitei para um passeio solitário na floresta, abusando da fotografia.
No fim do dia, o tradicional churrasco de confraternização.
Despedimos da galera. Seguimos pra Chapadinha; outra trilha nos esperava pela manha.

O Sorriso Largo de Téo






Há meses um amigo me convidava para ir em sua fazenda, ver sua criação de carneiros. Assim num dia , sem muito planejamento, peguei a viatura e fui direto para o terminal da espera onde peguei o Ferry-boat para o Cujupe, atravessando a baía de São marcos sob um temporal.Do Cujupe até Central é em torno de duas horas e meia, andando sem muita pressa. Cheguei na casa do Téo no entardecer; como de esperado, mesmo sem aviso , fui bem recebido.Logo fui tomar banho no açude. Ao chegar do banho morno, tomei outro banho em casa e fomos prosear no terraço de grama, sob o plenilúnio. No interior, o céu é diferente , é mais vivo, e eu que já não gosto de divagar, fui logo emendando um papo sobre a grandeza do universo e a existência de vida extra-terrestre.Papo que leva a outros, enquanto um churrasco de carneiro descia macio, a denunciar a simplicidade do tempero e a qualidade da carne.
De manha fomos visitar a fazenda.de inicio um curral de pesagem dos bois; entramos na mata de arbustos e observamos um ponto alto onde se avistava o vale;dali surgiu a idéia para uma futura tirolesa. De lá ,pegamos a viatura e seguimos por uma estrada de terra , que cruzava uma bela vereda e chegamos até o curral dos carneiros.Tiramos as fotos dos bichos.
Uma galinha caipira foi nosso almoço. Um carro de boi passou na estrada e peguei uma carona , lembrando da infância no interior dos meus avos maternos, distante há uma hora dali.Aproveitei também para dirigir um trator, cuja direção hidráulica, super leve, me deixou impressionado. Uma chuva se formou,na verdade um temporal daqueles.
Quando a chuva abrandou , montamos e seguimos viagem; o rio agora estava mais largo e mai fundo; atravessamos com cuidado, mas sem problemas.
Mais tarde , já noite soubemos que os vaqueiros, que traziam um carneiro morto no cofo, foram espreitados por uma grande sucuri, que descerra pro riacho pelas águas da chuva.
O ocorrido foi pano pra manga de um tanto de historias.
Ali...com aquelas palmeiras, com aquele riacho, entre coqueiros e parabólicas, na feirinha da cidade e com o sabor inconfundível da vida simples, dá pra entender a felicidade do gentio, dá pra entender o riso largo do meu amigo Téo

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O que está em nossas Aventuras_ Rally em Fortaleza








A gente cresce e os brinquedos também mudam, mas a brincadeira é a mesma. Quem anda na trilha da vida passa por diversos obstáculos, tenta se superar, tenta vencer, mas fundamentalmente quer seguir o caminho, aproveitar o que ele tem de melhor.
Ao assistir o programa de automóveis do domingo, vendo a etapa do rally da Mitsubishi em Salvador e o anuncio da próxima etapa,não tive dúvida, liguei para meu amigo Hugo em Fortaleza, que de pronto topou participar, o que o diferencia de todos os meus amigos, a sua sempre necessária disponibilidade.Tinha uma viagem com a família , uma semana antes para a Amazônia,como faríamos com o carro? Não houve muita conversa, Hugo se dispôs a vir de avião para São Luis e viajar de madrugada, com a Lane, em dois dias até Fortaleza. No dia do "briefing", véspera do rally iria de avião com o Webster, meu irmão mais velho, que na hora também aceitou em participar. De sobra , na viagem ate Fortaleza, ainda encontro com João, velho companheiro de trilhas, que retornava de viagem de negócios para Paraíba, onde atualmente reside. Lembramos no vôo , de todas as trilhas que fizemos no interior da Ilha de São Luis. Na próxima João estará conosco, com certeza.
No dia da prova, tudo certo, acordamos cedo, tomamos banho, passamos perfume, vestimos bermuda, camiseta e boné. Ansiosos estávamos para receber a tão esperada planilha, que definiria o rumo da prova. Ficamos no grid e logo tivemos uma grata surpresa de termos chamados a atenção da imprensa do evento (mesmo tentando nos esconder...risos). Era, que a eles, parecia estranho ter uma equipe com competidores que precisariam rodar mais de dois mil kilometros para participar da prova.Nossas respostas sobre tal motivação pareciam ensaiadas; estávamos ali por valores, por gostos, pelas estruturas que nos envolve_ pela amizade, pela irmandade, pelo espírito de equipe,pelo bem-querer, pela aventura, pelo apego à trilha e seus inesperados obstáculos, pelo cotidiano de intenso trabalho; pelas nossas famílias, pelas mulheres que nos apóiam, pelos filhos que torcem a todo instante e que aprendem a se divertir, enfim pela deliciosa ventura de viver no mundo 4x4.
Nosso tempo final de prova foi dentro do estipulado, mas com os erros inevitáveis dos “marinheiros” (existe rallyzeiros?) de primeira viagem, o que nos fez perder pontos que nos levaram para a zona do rebaixamento.Mas que importa? Sem qualquer hipocrisia...Vimos pra participar; ganhar seria um sonho.
Entao fomos pra grande confraternizacao , e um brinde com novos amigos, que eram só amigos(parecia natal)
Foi um dia longo; uma historia de coisas simples vividas por amigos. Nosso tempo de passagem é curto...O que a vida nos cobra?_ Coragem!(não é cara!)
Hoje já planejamos outras trilhas, outras aventuras: brincadeiras que nos mantém vivos...Felizes!