Viagens e Trilhas de um Poeta

Viagens e Trilhas de um Poeta

domingo, 22 de agosto de 2010

Pico das Agulhas Negras





Pico das Agulhas Negras.

A primeira escalada, um monte de informações, incertezas, expectativas, mas a experimentar era preciso. Parti do Rio de Janeiro com meu cunhado Mauro,às oito horas e nos encontramos com Carlos Ivan, Campista e Lane na Casa do Alemão, novos amigos que faria, acreditando no gosto afim pela trilha,pela natureza.Feita as apresentações , decidimos seguir estrada e parada em Rezende para decidir caminho.Apesar do GPS, dos mapas, que indicavam o caminho pela Estrada para Itamonte como o mais rápido, decidimos por seguir pela estrada bem junto a Academia . Parecia perto até o destino, mas as coordenadas da Pousada dos Lobos estavam erradas. Acabamos por chegar na pousada às vinte e uma horas. Encontramos aventureiros de fácil relacionamento. Assistimos juntos um jogo do Brasil.Choveu á noite toda e fez um frio.
De manha fizemos um passeio até Airuoca, uma aventura ,uma trilha cheia de lama e abismos. No seis de setembro ,o dia amanheceu lindo, seguimos cedo para a entrada do Parque das Agulhas Negras; esperamos o guia,com sua demora fomos até o refúgio, pela estrada mais alta do Brasil. Depois nos encontramos com o guia que nos informou que não daria para subir, pois a trilha estava molhada demais, pelo temporal da noite anterior. Foi um dia incrível , de confraternização, mesmo que não pudéssemos escalar o pico. No outro dia, só eu e o Mauro teríamos a possibilidade de subir.Deixamos o Troller no refúgio e iniciamos a escalaminhada.
Segundo nosso guia, um cara de sessenta anos ,já trabalhando no oficio há oito anos,disse-me que até meninos de doze anos subiam o pico. Fiquei animado. Depois descobri que esses meninos são excepcionais. Há momentos que o esforço físico conta, mas o desafio maior é mental; subi por rampas , em rochas com quarenta a sessenta graus de inclinação, o que não é fácil para alpinistas amadores.Por fim os últimos trinta metros da escalada são os mais difíceis, quando tivemos que subir cansados numa inclinação de quase noventa graus. Vencemos!
O topo do Pico das Agulhas Negras, uma miríade de sentimentos : orgulho, medo, superação, amizade, amor a naturaza, saudade da família.
A montanha permite o encontro com si mesmo, com a pureza, com o silencio, com o abismo, com a linha tênue entre o triunfo e o fracasso, com a força indômita da natureza, com a rocha alçada aos céus, nessa reciclagem infinita e imemorial do planeta.
O que foi de melhor? O caminho , a certeza que a aventura faz parte do que preciso para ser feliz.

K.Kampus

Carolina




Recebi esta semana em Carolina a visita ilustre de dois grandes aventureiros: meu irmão Wesley e o cunhado dele, Mauro. Os dois estão à caminho do Jalapão, no Tocantins, um dos mais belos paraísos ecológicos brasileiros. Apesar da visita ser daquela tipo de "médico", valeu, e como valeu a companhia. Eu os levei para conhecer um pouco das belezas de Carolina, entre as quais a cachoeira de Pedra Caída, outro raro espetáculo da natureza. Nesses momentos rolam muitas conversas, risadas, troca de experiências, mas o saldo maior do passeio foi ver ao fim da visita a Carolina, Wesley e Mauro completamente "desestressados", somente um dia após a saída deles da cidade. Muitas "águas vão rolar" até o fim da viagem, prevista para o dia 4 de setembro, mas imagino quão leve eles deverão retornar para São Luís e Rio de Janeiro. Energia renovada para encarar os desafios de uma rotina complicada como todos nós enfrentamos. A felicidade estampada nos rostos aventureiros de Mauro e Wesley, prá mim, é inesquecível. Que Deus os acompanhem pelos caminhos dessa inusitada aventura que é a vida
Walland Campos

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Um Dia em Nossas Vidas

Eu sento na minha varanda, e pra ser poético, num dia frio, quando faz um calor miserave (é miserave mermo! Pra se saber o quanto tá quente) ; espero as horas passar, fumando um cachimbo hipotético , bebendo um dezoito anos numa lata de água tonica (uma cerveja pegaria bem, mas estou de plantão) e quanto de poesia ou prosa vem nesse momento? Só a própria vida, com seus projetos, com seus anseios, com seus enganos, com a verdade, com suas imperfeições, com a saudade, com a presença infinitamente bela dos filhos, com a adolescência perdida, com o cheiro ainda da inocência, com o romantismo dos meus vinte anos (duas vezes vinte anos), com um amor à minha loucura, que insisto em manter para ninguém ousar-me curar (parece frase do Parafernálias), com um cadinho de inspiração, palhaço a brincar com as palavras.
Escrever é navegar, vocês já sabiam que eu iria usar o trocadilho de Fernando (também sou íntimo Hugo) “navegar é preciso”. E preciso muito, pois meus sonhos , dos quais a maldade do mundo não deixa, precisa desta realização, dessa forma absurda de construir os parágrafos. Mas a precisão de Pessoa, lê-se exatidão, enaltece a navegação de tantos heróis bandidos, que vieram pilhar, que mataram os índios das Américas, em nome de Cristo. Sou Inca, sou Maia, sou Mapuche,Guajajara, sou Timbira,sou Awe. Mas também sou de Gaia, de Pangeia.
Ouço uma canção de revolução, uní-vos numa canção paraguaia: irmãos quase dizimados. “Gracias a La vida“, Mercedes! Gracias por teus tambores e pífanos. Obrigado Alfredo de Viçosa! Vivas a Ariano Suassuna! Vivas a Sergio Buarque de Holanda e sua prole! “Minha alma de sonhar-te anda perdida”, Gullar. Mudou a faixa do CD e agora toca Fagner, Elomar, Vital, Zé Ramalho e Geraldinho. Um abraço em João do Vale, de Pedreiras.
Encontro-me calmo, sereno, os gases lacrimogêneos do Clube da Esquina. ”Nesse clube a gente sozinho se vê, pela ultima vez, a espera do dia, naquela calçada , fugindo pra outro lugar”.Que bom que existe música, assim os sentimentos humanos se tornam mais solidários, menos complicado para um velho poeta, caçar as palavras.
Fumega o café no bule, coado numa cueca velha; a borra no fundo da caneca de esmalte, e aquele amassado beiço, (um mendigo bebeu na piada). A insônia piora. Se estivesse em Cedral comeria a pamonha na folha de bananeira, da casa de Princesa, de Da Luz. Parece que vi uma estrela cadente, mas não deu tempo de confirmar; seria um drible do cansaço, um piscar de ilusão? Era uma estrela cadente, eu sei! Ou seria um avião, Gabi?! Talvez!
A lua já se caminha para se tornar um Ce, onde posso armar uma rede, e me embalar lendo um livro. Qual livro? Um que tenha letras, um bocado de frases, um tantão de estórias, verdadeiras ou não. Poderia ser do Saramago ou de Marcelo Gleiser, Mas se fosse de rimas, teria que ser do Neruda ou do poeta de Urano,poeta da existência: Nauro Machado.
A barra do dia desponta, a menina do andar de cima chegou, apertou a minha campainha errada; nem tomou do café, pediu desculpas sorrindo, como que mendigando um beijo lascivo de bom dia. Só tomei suas mãos, lhe ofertei um ósculo nos dedos:Don Juan De Marco! “Volver a Los Deizessete”, de novo!
Tomo minha bicicleta, faço meus diários nas vielas da cidade; ainda boêmios na lagoa. Sigo até a Litorânea, enfio meus pés na água_ O frescor da maré. Segue uma vela no horizonte, bem perto de Alcântara.
Penso...pois pensar é estar vivo; e a última coisa que quero é ser racional, descarto essa idéia: Durmo na areia...
“E os urubus passeiam a tarde inteira entre os girassóis.”
Acordo feliz!

Kkampus.