Viagens e Trilhas de um Poeta

Viagens e Trilhas de um Poeta

sábado, 30 de janeiro de 2016

Cachoeira do Arruda

A trilha ainda parecia a mesma, uns onze quilômetros após a rotatória de Morros. Entrando a direita, a estrada de piçarra contrastava com o mato verde rasteiro, da vegetação de cerrado. Uns matutos, com suas espingardas de caça, respondiam aos acenos de bom dia, vindos do jipe laranja do Sérgio. Nuvens coaleciam por sobre a estrada serpenginosa que cortava a floresta de arbustos. Um tanto de frutos desconhecidos passavam velozes e galhos riscavam suavemente a lataria. Em uma curva sinuosa mais acentuada aceleramos mais, a estrada agora era de areia fofa;um desafio para um motorista neófito.Vencida a etapa da estrada, estacionamos em uma clareira próximo ao nosso destino. Máquina fotográfica em mãos, e seguimos por um barranco erodido por chuvas prévias. O chão de areia se misturava ao barro; folhas caídas atapetavam o caminho, alguns arbustos tinham raízes expostas. A água correndo, por entre pedras, despencando sobre um lago, é música de chegada, o som do encanto presente. Tiramos os tênis e com cuidado seguimos atravessando por lâminas rasas de águas sobre pedras escorregadias. Após este pequeno desafio restava-nos um pequeno promontório, que nos convidava a contemplação: ao lado a corredeira forte, fazendo espumas brancas, contrastando com a água clara, mimetizando as pedras ferruginosas; em frente, o lago verde de águas cristalinas, imitando toda a mata em volta. Um convite ao mergulho... Aceito de imediato. Mel cumpria sua alma interna de peixe, talvez meu amigo Sérgio diria_ Seu cerne de sereia. Moura, o pai de Sérgio retornara a infância, com seu mergulho vertical característico, submergindo e depois emergindo, passando as mãos sobre a cabeça da frente para a nuca. de volta , o pensamento que por tantas vezes vinha à cabeça; porque não fazemos isso mais vezes? Aquilo era presente, a natureza mostrando a nossa natureza, nosso destino sendo cumprido_ Viver, em harmonia com pessoas, com o que a vida tem de melhor. Se Arruda espanta os males, muito mais a cachoeira do mesmo nome. Um brinde ás mulheres simples e a amizade infinita d` agora!